A violência física ou sexual
contra as mulheres ainda é alarmante. Perdem-se mais anos de vida saudável, com
incapacidade gerada, do que em doenças graves como câncer da mama ou de colo de
útero. Há doze milhões de crimes sexuais no mundo. Só nos EUA, há 683 mil
estupros por ano, enquanto que na cidade de São Paulo há o registro de 42 mil
estupros por ano.
Pacientes
que sobrevivem aos traumas físicos ou psicológicos gerados por tais violências
não merecem ser chamadas de vítimas e sim de sobreviventes, segundo o médico Jefferson
Drezett, um dos maiores estudiosos brasileiros nesta área.
Segundo a ONU, uma em cada três mulheres sofrem violência na América Latina e 16% delas já foram vítimas de constrangimento e abuso sexual alguma vez na vida.
O pior também é que apenas 13%
das mulheres que chegam ao IML-SP (Instituto Médico Legal de São Paulo)
conseguem prova material do estupro. Entre 28% a 60% das mulheres poderão
desenvolver DST (doença sexualmente transmissível). Já o risco de infecção de
HIV gira em torno de 0,8% a 2,7%, segundo literatura especializada. Tal risco é
duas vezes maior em gestantes.
É importante haver a
quimioprofilaxia para infecção de HIV, nos casos elegíveis e corretamente
indicados. Outras DST, assim como as hepatites B e C, também requerem
acompanhamento médico.
Dados trágicos incluem também uma
possível gravidez por violência sexual, já que metade das mulheres estupradas
está no período fértil. A estimativa da taxa de gravidez por violência sexual
tem uma incidência de 1% a 5%. Só nos EUA, há cerca de 32 mil gestações anuais
por violência sexual.
Violência sexual e anticoncepcional de emergência
Em tais gestações indesejadas,
por conta do estresse pós-traumático gerado e outros transtornos mentais ou
comportamentais, deve-se oferecer um amplo apoio psicológico aos envolvidos.
Cabe ressaltar que o anticoncepcional de emergência, com derivado de
progesterona (levonorgestrel), quando bem indicado, é uma prevenção contra a
gravidez gerada por violência. Não há quaisquer evidências científicas de que
tal método anticoncepcional seria abortivo, daí não precisar haver oposições
neste sentido de grupos religiosos preocupados com a polêmica questão do
aborto.
Os
efeitos emocionais são os principais: intensos, devastadores e irrecuperáveis. Até mesmo alguns profissionais
despreparados que atendem tais pessoas podem, sem dúvida, agir de forma
preconceituosa agravando os danos psíquicos. Muitas dessas mulheres desenvolvem
transtornos de sexualidade. Cerca de 18% das sobreviventes têm pensamentos
suicidas.
Acolhimento é de grande ajuda na reabilitação
psicossocial da mulher
Cabe a todos nós, como cidadãos,
governantes ou profissionais da saúde, uma ampla reflexão sobre tais
agravantes. A sociedade precisa se mobilizar para combater tal mazela. Os
psicólogos têm que tomar cuidado para não haver manipulação por parte dos
abusadores, geralmente, pais, tios e padrastos sedutores e educados. Devemos
exigir a garantia do cumprimento dos direitos humanos, protegendo a vítima com
dignidade, respeito e sensibilidade. O atendimento deve ser integral e ético,
sem pré-julgamentos ou críticas. O acolhimento é a melhor ferramenta na
reabilitação psicossocial de tais vítimas.
Fonte: Adaptado de Joel Rennó Jr (http://www2.uol.com.br/vyaestelar/violencia_sexual_mulher.htm).
Fonte: Adaptado de Joel Rennó Jr (http://www2.uol.com.br/vyaestelar/violencia_sexual_mulher.htm).